segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sem mais

Amontoara de qualquer jeito seus pertences na pasta e arrumara-se para o trabalho. Café mal tomado. A sala de estar aspirava uma atmosfera melancólica, sentiu a ausência de algo. O que poderia estar esquecendo? Conferiu novamente seu material na velha e desbotada pasta de couro. Ok. Examinou seu paletó e a maneira com que havia dado nó em sua gravata. Perfeito. Espiou as janelas, uma a uma. Todas devidamente trincadas. A válvula do gás na cozinha. Fechada. Tateou os bolsos da calça escura. Chaves, carteira, celular. Todos nos compartimentos de sempre. Por que a inquietude? O que estava faltando, afinal? Indagava. Ao pressionar já lânguido a fechadura da porta, finalmente se deu conta. Faltava, faltava sim. Faltava ela.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Amando(a)

Tu és flor, ora doce tulipa, ora espinhosa rosa, ora formidável alecrim. Orquídea, predileta! A ti escolhi para regar diariamente com límpida fonte, adubada a meu coração moribundo, escolhida para ocupar o vaso honorífico destinado ao botão mais belo da estufa. E és tu, selecionada, pétalas macias e perfeita simetria. Tímida, pequena rama bancando discreta, secretando o tesouro do seu perfume teimando exalar. Acaricio-a com a ponta dos dedos, todo cuidado é pouco e nada lhe pode faltar. Cerco com minhas mãos, aproximo meu rosto e suspiro –  não escapam das minhas narinas precioso odor -. Com carinho oferto cuidado, e vejo-te desabrochar a correspondência do meu fadigo amor.