quinta-feira, 22 de março de 2012

4:00 A.M.

Mesma dor, mesmo fardo,
Mesmo céu que fito,
Ansiando a aurora.

E desenho o futuro,
Fruto, do destino que
me vejo, idealizo,
sorrio e desfruto.

Conto estrelas, conto
Os prédios, conto as ondas,
Conto como conto, desconto.

Sobe aos céus meu clamor,
Chegue Sol, chegue manhã – peço.
Sou peça do alvor, peço luz,
Escuridão, desde já, me despeço.

E feixes de luz germinam,
Serpenteiam, fatiam,
Céu, mar, prédios, a sacada.
 - Coração, já pode dormir.

terça-feira, 6 de março de 2012

Três meses

     Desperto de um sonho contigo. Na prateleira, teu retrato me dá bom dia. De pé e com sono, rastejo a sandália e me esbarro na estante: suas anotações que fiquei de revisar. Arrumo a mochila, guardo seus escritos com carinho e já na rua o celular desperta o lembrete: Te ligar após a aula. No intervalo das aulas, ligo o notebook e nossa foto predileta estampa meu plano de fundo. Depois abro o armário e vejo a bagunça que fiz, “ela tão organizada, se visse isso...”. Durante o almoço, te telefono. Quero dizer, durante o telefonema, almoço. Vou à academia, e fico a rir só, lembrando-me de quando você começara a malhar e reclamara de dor pra tudo. No regresso à minha casa, ouvi a nossa musica tocando na rádio duas vezes, e vi rostos que me confundiram com os seus. Três vezes. No fim da tarde, preparei o jantar e lembrei-me do quanto você enche o prato de salada, e nada de chocolate ou morango após a refeição. Não gosta. Terminada a janta, arrumo a cama e deito a cabeça. Seu retrato diz: Boa noite. 

    E me dou conta: Como em tão pouco tempo, você consegue tomar-me o dia inteiro? Quantos anos passaram-se nesses três meses?
    
    Baby, você não virou rotina, a rotina virou você.