Ora onda, que adianta
Caminhar os sete mares
Percorrer o tédio azul
E me encontrar no cais?
Esquecestes? Sou rocha
Sou forte, estridente
Porque vide contente
De prontidão a desmanchar?
Caminhar os sete mares
Percorrer o tédio azul
E me encontrar no cais?
Esquecestes? Sou rocha
Sou forte, estridente
Porque vide contente
De prontidão a desmanchar?
Ora pedra, pra que isto?
Ser de tanta rispidez?
Mesmo líquida, me ergo
Maleável, danço livre
e te abraço outra vez.
Ser de tanta rispidez?
Mesmo líquida, me ergo
Maleável, danço livre
e te abraço outra vez.
Antes desmanchar em tudo
E recompor, correr o mundo
Que viver de solidez.
E recompor, correr o mundo
Que viver de solidez.
Pois um dia cansarás
Dessa peregrinação
Escolherás ser de mar calmo
Deixarás de abstração
Veja, siga meu exemplo
Eu não quebro. Eu não contemplo
Nem inverno, nem verão.
Dessa peregrinação
Escolherás ser de mar calmo
Deixarás de abstração
Veja, siga meu exemplo
Eu não quebro. Eu não contemplo
Nem inverno, nem verão.
De que vale, dona pedra
Tanta força, esse respeito
Se de tanto eu te encontrar
Teu formato anda desfeito.
Veja o Sol! De longe os prados
O casal de namorados
Que veio só para nos ver!
Tanta força, esse respeito
Se de tanto eu te encontrar
Teu formato anda desfeito.
Veja o Sol! De longe os prados
O casal de namorados
Que veio só para nos ver!
Diga
onda qual beleza
Há em se atirar na rocha
Espirrar água para o alto
Umedecer no cais as costas
De quem vem, e acham graça
Vão molhados para casa
Quiçá gripe os convém!
Há em se atirar na rocha
Espirrar água para o alto
Umedecer no cais as costas
De quem vem, e acham graça
Vão molhados para casa
Quiçá gripe os convém!
Vão felizes por ter visto
Bem de perto nosso encontro
Cristais se elevam e jaspeiam
O mar, a brisa, o sol se pondo.
Não chame loucura a alegria
Não é insana a poesia
De enxergar melhor o mundo.
Bem de perto nosso encontro
Cristais se elevam e jaspeiam
O mar, a brisa, o sol se pondo.
Não chame loucura a alegria
Não é insana a poesia
De enxergar melhor o mundo.