quarta-feira, 10 de abril de 2013

Oração repetida


Eu tentei enterrar essas linhas
Mas poema escrachado não pede licença
Não agenda sua vinda.

Eu, cavalo seu, permito que vença.
Calço suas sandálias, ponho asas
Gastas por tanto uso. Canso
De gotejar uma dor coagida.

A angústia que bebo
Tem validade vencida
E palavras que escrevo
São eco do eco
Oração repetida.

Sem consulta fui escolhido
Servo e senhor desse trilho
Vassalagem de eterno penhor.

Se fujo discreto, contrito
Lá vem o poema em sigilo
Tratando de ser escrito,
Cavaleiro de assaz combate.

E obedeço à ordem esperada
Da transcendente entidade:
Ponho a crina, meu manto,
E amarro minha sela enquanto
Relincho a honrosa chegada.

Um comentário: